Fontes militares afirmam que Kiev, a capital da Ucrânia, é o principal alvo de Putin para “decapitar o governo” ucraniano e instalar um Executivo favorável a Moscou.
Uma nova ordem mundial.
A razão declarada da invasão perpetrada pela Rússia na Ucrânia é a de enfraquecer militarmente o país vizinho e evitar a entrada dele na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), grupo criado na época da Guerra Fria sob a liderança dos Estados Unidos em oposição à extinta União Soviética.
Ingressar na Otan permitiria à Ucrânia, por exemplo, possuir armamentos mais pesados e letais do que tem hoje e ainda colocar mísseis na fronteira com a Rússia, a uma curta distância de Moscou, o que o presidente russo Vladimir Putin quer evitar a todo custo.
Ainda mais com a Otan sendo dominada politicamente pelos Estados Unidos e por nações europeias.
Fontes militares afirmam que Kiev, a capital da Ucrânia, é o principal alvo de Putin para “decapitar o governo” ucraniano e instalar um Executivo favorável a Moscou.
No entanto, há razões mais profundas no conflito Rússia-Ucrânia do que apenas os oficialmente declarados.
A crise envolvendo os dois países tem um histórico complexo e capaz de mudar a geopolítica mundial a favor da Rússia e de países como a China e o Irã, que rejeitaram chamar o episódio bélico de invasão da Ucrânia.
A China já criticou eventuais sanções econômicas que venham a atingir a Rússia e se colocou como possível mediadora entre Putin e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, para encontrar uma saída negociada para a crise no Leste Europeu.
O movimento chinês não é à toa e vem se consolidando nos últimos anos com diversas parcerias comerciais com a Rússia, hoje expoente mundial na produção de gás natural e diversos outros produtos.
“O mundo toma outra dimensão, com a tessitura geopolítica em mutação. Potências emergentes estão disputando espaço, como a China e a Rússia”, avaliou Héctor Luis Saint-Pierre, especialista em segurança internacional e coordenador do Instituto de Políticas Públicas e Relações Internacionais da Unesp (Universidade Estadual Paulista).
É como se uma nova ordem mundial emergisse desse conflito deslocando as ‘placas tectônicas’ da diplomacia mundial do Ocidente, baseada na liderança dos EUA e da velha Europa, para uma composição Ocidente-Oriente capitaneada por Rússia e China.
É o protagonismo internacional mudando de posição no tabuleiro de xadrez da geopolítica internacional. Para o historiador e cientista político Leonardo Trevisan, professor de Relações internacionais da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), a posição da China é fundamental para se entender o conflito entre russos e ucranianos.
“Esse conflito tem dimensão muito maior do que só a dele. Putin já disse que quer ‘conversar sobre a segurança europeia’. O que ele deseja é definir limites da presença da Otan nas suas fronteiras. Ele tem receio dessa presença incluir mísseis, principalmente na fronteira da Geórgia, Bielorússia e a Ucrânica”, disse Trevisan.
“Mas também a aproximação da China, que depende cada vez mais do petróleo e do gás russo. Esse dado é fundamental para entendermos a intenção norte-americana de apoiar a Europa para fixar limites no avanço russo em todos os sentidos, inclusive no geopolítico.”
Uma das principais peças nesse tabuleiro é Joe Biden, presidente dos EUA, que parece perder protagonismo no cenário internacional, sendo que não há vácuo nesse jogo.
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